Centro de Alcântara, em São Gonçalo - RJ
Artigo publicado originalmente no Jornal Daki
O século XXI encontrou a questão ecológica no topo das discussões. Em diversas partes do mundo, as questões ambientais e logo, a compreensão da dimensão ecológica da Terra e do Homem em suas interações com o meio, tem sido pesquisada, refletida e ensinada.
Desde Lovelock e sua Hipótese de Gaia, que percebia a Terra como um mega organismo de interações holísticas e interconexões, tal a ideia tem se disseminado.
Novas descobertas trazem luz sobre fenômenos complexos da natureza, como por exemplo a questão da comunicação entre as plantas.
Utilizando entre outros mecanismos a imensa flora de fungos à sua disposição, as plantas parecem comunicar-se, estabelecendo uma rede de trocas informacionais que alguns especialistas comparam à internet.
Plantas parasitas também parecem exercer controle a nível molecular, com trocas genéticas que visam facilitar ou ‘pacificar’ sua simbiose com as plantas hospedeiras.
Neste novo e surpreendente campo que se descortina, novos métodos e uma nova nomenclatura são necessários; a base epistemológica da Ecologia amplia-se, ao vislumbrar complexidades a nível ecológico jamais sonhadas.
Exemplo de tema na ordem do dia: Nosso conceito de que os vegetais são seres vivos merece ser ‘ampliado’, agora que sabemos que eles são capazes de comunicação e de certo nível de senciência (vida consciente)? E em que categoria de ‘vida’ os colocaríamos? O ser humano precisa mudar sua percepção/relação acerca do reino vegetal? São questões em aberto, uma discussão ainda à espera de seus codificadores, de seus tradutores epistemológicos. Isso tudo mostra como é ainda grande e promissora a tarefa que compete ao ser humano em sua compreensão do reino vegetal.
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Toda essa explanação acima foi para chegarmos em nosso lugar, nossa província insossa, nossa São Gonçalo das Pelejas e do Desmazelo.
O município nunca teve uma política efetiva de arborização urbana, e que dirá para além de sua faixa urbanizada. Há municípios circunvizinhos que mantêm políticas de distribuição de mudas gratuitas para sua população. “Ah, mas são municípios mais ruralizados”, dirá o crítico. Eu chamaria de mais espertos...
Mas vamos ao principal: A imensa, eu diria mesmo diabólica ilha de calor que se forma a partir de Alcântara e avançando para o centro é originária de nosso desenvolvimento desordenado e desarborizado. Nossos espaços mais urbanizados ganham até cinco graus a mais de temperatura se comparados ao entorno! É tempo de proclamarmos que as árvores não são um mimo romântico, um “embelezamento” para a urbe, mas sim COLUNAS de sustentação da VIDA – principalmente nos espaços de concreto e asfalto. Vai demorar, vai doer quando da arborização de nossos espaços tão apertados? Não temos opção: a cidade está doente e a árvore faz parte da cura.
Estamos em ano eleitoral. Questione seus candidatos sobre o que pensam do assunto, e além: Que projetos efetivos possuem já planejados para o problema.
Lancemos uma outra proposta aqui: a criação de um Jardim Botânico – na medida de nossas poucas forças e muitas outras prioridades – em nosso município. Terras livres? Santa Isabel tem suficientes para criarmos até um pequeno país!
E não se esqueça: Árvore é cura.
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Inspire-se: Leia uma antologia de poemas sobre elas, as árvores, que organizei há algum tempo. É gratuita, baixe o seu exemplar virtual aqui: https://drive.google.com/file/d/1D0HJHDd1W083JLObfxo-zHaKqu4vxCDq/view
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