XXIV
O fim da tarde chega.
As crianças jamais se
cansam.
- Ei poeta, vamos nos
despedir do sol?
Hoje não, sem motivação.
Uma carinha suja insiste;
outras mais, depois.
E lembrando-se dos
ambientalistas que serão,
de mostrar Deus na
criação, grita-se:
- Crianças, vamos então!
E sobe-se o monte
cantando:
“Seu Lombato tinha um
sítio, iá iá, oh!
E no seu sítio tinha um
pintinho, iá, iá, oh!
Era piu, piu, piu pra lá.
Era piu, piu, piu pra cá.
Era piu, piu, piu pra todo
lado. Iá, iá, oh...”
No alto, os chamados e
assobios.
Os olhares despreocupantes
de suas mães.
Chegando o momento,
silenciam-se todos.
O sol foi embora para o
outro lado do mundo.
Do livro Na Escuridão e No Dia Claro (2010)
*Francisco Carlos Machado é
poeta, escritor, ativista cultural e ambientalista.
Um comentário:
Ontem pensava neste poema!
Grato amigo poeta Sammis pela postagem.
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