domingo, 10 de outubro de 2010

Estatismo Sexual



Feminismo: o fim dos homens é a  consequência da mais profunda tendência na vida pública de hoje: a  sexualização da política e a politização do sexo.



Em "O Fim dos Homens", a matéria de capa da edição de julho/agosto da revista Atlantic, Hanna Rosin descreve  "como as mulheres estão tomando o controle de tudo." Sugerindo que "a  economia da nova era está melhor adequada às mulheres," Rosin acredita  que o belo sexo está vencendo a luta pela sobrevivência dos mais fortes.  No que aparentemente é causa para celebração, ela escreve que "três  quartos dos 8 milhões de empregos perdidos foram perdidos por homens" na  atual Grande Recessão. "Os setores mais atingidos foram  majoritariamente masculinos e profundamente identificados com a figura  do macho: construção, indústria, alta finança." Ela sustenta que a crise  econômica "simplesmente revelou - e acelerou - uma profunda alteração  econômica que está ocorrendo há pelo menos 30 anos."




A Atlantic usou o mesmo tema para indagar: "Os Pais São Necessários?" Pamela Paul  cita um estudo amplamente divulgado que tem a pretensão de provar que  os pais são prejudiciais na criação dos filhos e que as lésbicas fazem  isto melhor. O estudo é política camuflada como ciência social - seus  autores reconhecem que as virtudes dos pais que eles celebram estão  definidos "em parte a serviço de uma ideologia igualitária."  A mensagem deles faz eco à de Rosin: dentro de casa, como na economia  nacional, os homens não são confiáveis, na melhor das hipóteses, e  doentios, na pior. A Atlantic nos garante que o declínio dos homens é o  produto de forças impessoais contra as quais somos incapazes de reagir,  mesmo se desejarmos - o que, aparentemente, não desejamos.




Rosin, cujo ensaio é o número 1 da lista de "Maiores Idéias do Ano",  certamente identifica uma tendência importante. Mas o fenômeno que ela  descreve é o resultado, não de forças sociais inexoráveis, mas de  decisões políticas conscientes. O fim dos homens é a consequência da  mais profunda tendência na vida pública de hoje: a sexualização da  política e a politização do sexo.

O surgimento da política sexual  suscitou surpreendentemente pouco tratamento crítico. Entretanto, ela  representa a mudança mais radical na natureza do governo nos tempos  modernos. Os efeitos econômicos são apenas sintomas. De muito mais amplo  alcance são as vastas alterações no poder local em todos os níveis. A  ideologia feminista permeia todos os ítens da agenda pública: não só as  "questões femininas", como o aborto, mas tudo, do controle de armas  (pense na "Marcha do Milhão de Mães") e leis contra dirigir embriagado (Mães contra o Álcool ao Volante), à política externa (Código Rosa). "São as mulheres que mais têm a ganhar e mais a perder com a crise climática,"afirmou  a presidente do Congresso Nancy Pelosi durante a Conferência de  Copenhague. "Os impactos não são neutros do ponto de vista de gênero...  As mulheres são as primeiras a sentir as consequências." Nenhum tema da  vida pública deixou de ser "generalizado."

A transformação da  sociedade empreendida pela política sexual é mais imediatamente visível  onde Rosin começa seu artigo: com o que ela chama de "o matriarcado" das  áreas pobres das grandes cidades. As políticas governamentais  produziram esse matriarcado: os homens que estão "cada vez mais ausentes  do lar," como Rosin escreve, foram removidos por agências da  assistência social e pelos tribunais. As mulheres estão "tomando todas  as decisões" nos domicílios dos bairros pobres, porque os homens foram  expulsos e o governo usurpou o papel do pai e do marido, fornecendo  proteção e renda diretamente às mulheres e às crianças. Isso produz, nas  cidades dos EUA, não uma "classe trabalhadora," na definição de Rosin,  mas uma classe de dependentes do governo cujo sistema de vida foi  projetado por autoridades estatais.

O matriarcado de Rosin se  dissemina na mesma proporção do número de mães solteiras, o qual se  espalha das classes baixas para as classes médias - entre as quais é  onde mais cresce. Nos subúrbios, como nas cidades, a condição de mãe  solteira é promovida pela máquina do governo, originalmente justificada  como ajuda aos pobres: serviços de creche, assistência aos idosos,  educação pública e sistema de saúde controlado pelo estado.

Rosin  observa com perspicácia que "a economia dos Estados Unidos está se  tornando, sob certos aspectos, uma irmandade em trânsito: as mulheres da  classe alta abandonam o lar para entrar na força de trabalho, criando  empregos domésticos para outras mulheres preencherem." Essa é uma bolha  econômica sobre a qual  G.K. Chesterton há muito alertou.  "O todo repousa, na verdade, sobre a ilusão plutocrática de um  suprimento infinito de servos," ele escreveu. "No fundo, estamos  defendendo que uma mulher não deveria ser uma mãe para o próprio bebê,  mas uma babá para o bebê de outra. Mas isso não pode funcionar, nem no  papel. Não podemos todos viver de lavar roupa uns para os outros,  especialmente na forma de aventais."

Como as recentes bolhas  bancária e imobiliária, essa é uma criação da regulação estatal. Ela  revela a trajetória da nova política sexual: não em direção à eliminação  dos papéis de gêneros - que o Estado assistencialista [que quer prover  tudo para todos] não realizou e nunca vai poder realizar - mas em  direção à politização e burocratização dos papéis femininos.

Embora  as feministas da elite tenham, de fato, assumido ocupações  anteriormente masculinas, muito mais mulheres entraram na força de  trabalho em versões profissionalizadas dos papéis domésticos  tradicionais. Isso transformou a criação dos filhos e outras tarefas  domésticas, de assuntos privados familiares, em atividades públicas,  comunais, e taxáveis, expandindo necessariamente o tamanho e o poder do  Estado e levando à criação de vastas burocracias para supervisionar a  educação pública e os serviços sociais.

Essas são exatamente as  profissões agora sendo expandidas pelos gastos dos pacotes enormes de  assistência econômica do governo de Obama. O efeito é ampliar a intrusão  do Estado nos lares - na verdade, a substituição do lar pelo Estado,  pois, como as feministas apontam, as funções femininas eram  tradicionalmente privadas. A profissionalização dos papéis femininos  significou, portanto, a institucionalização, nas burocracias  governamentais, de responsabilidades que um dia foram características da  vida privada. A politização das crianças e a usurpação dos direitos dos  pais, sob o disfarce de proteção à criança, são as manifestações mais  claras disto.

Os pais foram marginalizados, e a vida deles está  se tornando cada vez mais diretamente adiministrada pelo Estado. Eles  não são simplesmente "ausentes," como Rosin escreve - eles estão, cada  vez mais provavelmente, sob o controle dos sistemas judicial e penal. O  artigo de Rosin fornece um exemplo instrutivo de uma forma  particularmente estatal-feminista de punição agora distribuída entre os  homens: a terapia.

Nenhum dos aproximadamente 30 homens sentados  em uma sala de aula no centro de Kansas City vieram para um  aprimoramento adulto voluntário. Não tendo conseguido pagar a pensão  alimentícia, eles receberam do juiz a escolha entre ir para a cadeia ou  frequentar uma aula semanal de paternidade... A aula desta semana...  envolveu a redação de uma carta a uma hipotética filha afastada de 14  anos chamada Crystal, cujo pai a abandonou...

O que fica claro, a  partir do relado de Rosin, é que a terapia, como o sistema penal, foi  planejada menos para punir o suposto crime do que para recondicionar  psicologicamente os homens. O líder da classe

cresceu assistindo Bill Cosby vivendo  atrás de sua metafórica "cerca de estacas brancas." "Bem, aquele cheque  voltou há muito tempo," ele diz... Ele continua, lendo uma folha com  instruções. Quais são os quatro tipos de autoridades paternas? Moral,  emocional, social e física. "Mas você não tem nenhuma delas naquela  casa. Tudo o que você é é um contracheque; e agora você não tem nem  isso. E se você tenta exercer sua autoridade, ela liga pro 911  [emergência policial]... Você devia ser a autoridade, e ela diz, "Cai  fora da casa, veado." Ela te chama de "veado"!... Qual é o nosso papel?  Todo mundo diz pra gente que a gente tem de ser o chefe da família  nuclear, então você se sente como se você tivesse sido roubado." ...Ele  escreve no quadro: $85,000. "Esse é o salário dela." Então: $12,000.  "Esse é o seu salário... Quem é o homem agora?" Começa um burburinho.  "Isso mesmo. Ela é o homem.

"Isso não é o cumprimento da lei. Isso é doutrinação governamental.

Rosin  omite a menção de que nenhum dos homens em Kansas City foi condenado  por qualquer crime. Eles não entraram em conflito com a polícia, os  advogados de acusação e os jurados através do processo normal da justiça  criminal. Ao invés disso, eles estão submetidos a autoridades de um  Estado assistencialista que exerce poderes semi-policiais e  semi-persecutórios. Eles são trazidos - no que é às vezes descrito como  um "processo judicial despachado" - diante de um juiz (ou um advogado de  toga preta conhecido como "juíz suplente") que pode gastar alguns  segundos espiando alguns documentos antes de entrar nas ordens para  expulsá-los de suas casas, separá-los de seus filhos, confiscar seus  ordenados, e sentenciá-los à reeducação ou encarceramento, tudo sem o  benefício do devido processo.

O procurador Jed Abraham chama de  "orwelliano" esse sistema de adjudicação burocrática: "Para [fazer  valer] o apoio à infância, o governo estabelece... um verdadeiro gulag,"  escreve ele no livro From Courtship to Courtroom [Da Corte Amorosa à  Corte de Justiça]. Bryce Christensen, da Universidade do Sul de Utah,  concorda: "Os que advogam medidas cada vez mais agressivas para angariar  apoio à infância... nos levaram a um passo mais perto de um Estado  policial."

A prevenção do crime e dos maus-tratos não é,  evidentemente, a verdadeira causa da ideologia estatal-feminista: em seu  coração, ela é redistribuição econômica e poder político. Perto do fim  de seu artigo, Rosin observa, de forma bastante aprovadora, que "a  violência cometida por mulheres de meia-idade disparou." Isso é encarado  como um sinal de que "quanto mais as mulheres dominam, mais elas se  comportam, adequadamente, como o sexo forte."

Rosin refere-se a  um vídeo ultra-violento de Lady Gaga que "reescreve Thelma e Louise como  uma história, não sobre um novo e evasivo poder feminino, mas sobre um  poder absoluto e impiedoso... Ela e sua amiga matam um namorado ruim e  vitimam outros a esmo em um surto homicida e aí escapam em sua  caminhonete amarela, com Gaga se gabando, "Conseguimos, Honey B." Rosin e  seus aliados são mais sutis - e, o que é mais importante, têm mais  poder coercitivo estatal à sua disposição - mas a fanfarronice soa  espantosamente familiar.






Stephen Baskerville  é professor adjunto de Ciências Políticas na Patrick Henry College e  autor de Taken into Custody: The War Against Fatherhood, Marriage, and  the Family [Sob Voz de Prisão: A Guerra Contra a Paternidade, o  Casamento e a Família].

Traduçao e links de João Carlos de Almeida, do blog DEXTRA.

Artigo original AQUI.


Via: SBKAUER.COM

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