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Em declarações à Lusa, Miguel Neiva, designer e mentor do projeto, adiantou que "o ColorAdd é um código gráfico monocromático, sustentado em conceitos universais de interpretação e desdobramento de cores, que permite aos daltónicos identificá-las corretamente".
"O conceito apoia-se nas cores primárias como ponto de partida (Cyan, Magenta e Amarelo) e no seu consequente desdobramento para cores secundárias. Às três formas que representam as três cores primárias, foram acrescentadas mais duas que, de forma simples, representam o preto e o branco", adiantou.
Disse que com o Código "o daltónico olha para um dado objeto, uma peça de roupa ou um sinal de trânsito, por exemplo, e através dos símbolos nele colocados consegue distinguir as cores".
Miguel Neiva salienta que "os primeiros sintomas de daltonismo são detetados na idade escolar", frisando que, "mais tarde, a pessoa daltónica vê serem-lhe interditas diversas profissões".
Entre elas - frisou - contam-se profissões como a pilotagem de aviões, a navegação marítima, a indústria gráfica, a indústria química, a geologia, a arqueologia, atividades ligadas à área da informática ou áreas financeiras, a decoração e a moda".
Frisa que no seu quotidiano existem muitas situações que implicam a ajuda de terceiros, algo que deixa de suceder com a introdução do Código: na escola, para a escolha de marcadores ou de canetas coloridas; na compra de vestuário; na orientação em interpretação de mapas e sinais de trânsito.
O novo instrumento gráfico - acrescentou - vai, ainda, "facilitar a identificação correta das bandeiras da praia e a identificação e escolha de qualquer tipo de produto ou serviço onde a cor seja fator de decisão".
O investigador, que estudou tema nos últimos nove anos em parceria com pessoas daltónicas, sublinha que a adesão das tintas CIN é o início do processo de internacionalização do Código, iniciado depois do registo da marca.
"Temos obtido grande recetividade no estrangeiro, como sucede no Brasil onde foi considerada uma das melhores 40 ideias para melhorar o mundo", revelou, frisando que o projeto foi concebido numa ótica de "responsabilidade social".
Miguel Neiva salienta que a ideia tem aplicação nas áreas dos transportes - na sinalização em comboios e no metro - na educação, na saúde e nos têxteis e vestuário.
"Vamos tentar chegar a acordo com a empresa líder mundial no mercado dos lápis de cor, a FaberCastel, já que os daltónicos começam logo a ter problemas na escola", revelou.
Para o investigador, o código, pioneiro a nível mundial, "é transversal a todos os quadrantes da sociedade global, independentemente da sua localização geográfica, cultura, língua, religião, bem como às diferentes vertentes socioeconômicas.
Miguel Neiva é Mestre em Design e Marketing pela Universidade do Minho. Licenciado em Design, opção Comunicação Visual, é docente de Mestrado em Comunicação de Moda na UMinho em Guimarães.
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