sexta-feira, 21 de abril de 2023

O Significado do Amor: Uma reflexão de Martin Luther King Jr.

 


Não há em Cristo Leste nem Oeste,

nele não há Norte nem há Sul,

mas a grande unidade do Amor

por toda a vasta terra inteira.”

(John Oxenham)

Por que devemos amar os nossos inimigos? A principal razão é perfeitamente óbvia: retribuir o ódio com o ódio multiplica o ódio e aumenta a escuridão duma noite já sem estrelas. A escuridão não expulsa a escuridão; só a luz o pode fazer. O ódio não expulsa o ódio: só o amor o pode fazer. O ódio multiplica o ódio; a violência multiplica a violência e a dureza multiplica a dureza, numa espiral descendente, que termina na destruição!

Quando, pois, Jesus diz “Amai os vossos inimigos”, é uma advertência profunda e decisiva que pronuncia.

Não devemos confundir o significado do amor com desabafo sentimental; o amor é algo de mais profundo do que a verbosidade emocional. Talvez o idioma grego nos possa esclarecer sobre esse ponto. Sim, há no Novo Testamento grego três palavras que definem o amor. A palavra eros traduz uma espécie de amor estético ou romântico; nos diálogos de Platão, eros significa um anseio de alma dirigido à esfera divina.

A segunda palavra é philia, amor recíproco e afeição intima, ou amizade entre amigos. Amamos aqueles de quem gostamos e amamos porque somos amados.

A terceira palavra é agape, boa vontade compreensiva, criadora e redentora para com todos os homens. Amor transbordante que nada espera em troca. Agape é o amor de Deus agindo no coração do homem. A esse nível não amamos os homens porque gostamos deles, nem porque os seus caminhos nos atraem, nem mesmo porque possuem qualquer centelha divina; amamo-los porque Deus os ama. Nesse contexto, amamos a pessoa que pratica a má ação, embora detestemos a ação que ela praticou.

Podemos compreender agora o que Jesus pretendia quando disse “Amai os vossos inimigos”. Deveríamos sentir-nos felizes por ele não ter dito “Gostai dos vossos inimigos”.

É quase impossível gostar de certas pessoas; gostar é uma palavra sentimental e afetuosa. Como podemos sentir afeição por alguém cujo intento inconfessado é esmagar-nos ou colocar inúmeros e perigosos obstáculos no nosso caminho? Como podemos gostar de quem ameaça os nossos filhos ou apedreja, assalta ou incendeia as nossas casas? É completamente impossível.

Jesus reconhecia, porém, que o “amar” era mais do que o “gostar”. Assim, quando nos convida a amar os nossos inimigos, não é ao eros nem à philía que se refere, mas ao ágape — boa vontade compreensiva, fecunda e redentora para com todos os homens!

Martin Luther King Jr.

In Ilustrações Para Todas as Horas, de Moysés Marinho de Oliveira


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