Grupo na Nigéria ameaça vender como "escravas" mais de 200 garotas sequestradas. O grupo islâmico Boko Haram assumiu nesta segunda-feira (05/05) a autoria do sequestro das mais de 200 meninas nigerianas que estão desaparecidas desde o dia 15 de abril. Em depoimento gravado em vídeo, um homem que se identifica como Abubakar Shekau, o líder da organização, ainda ameaçou vender as garotas raptadas em países vizinhos, prometendo tratá-las como escravas ao forçar o casamento com agressores.
Diversas mulheres protestam contra falta de informações do governo sobre sequestro e pedem que "deixem a paz e a justiça reinar". |
"Eu raptei suas meninas. Por Alá, vou vendê-las no mercado. Existe um mercado para vender pessoas. Alá diz que eu devo vendê-las. Vou vendê-las. Eu vendo mulheres", disse o suposto representante do Boko Haram — nome que significa "a educação ocidental é pecado", em língua hausa —, na primeira confirmação pública do sequestro das centenas de garotas de um colégio na zona rural da Nigéria. "Eu repito: a educação ocidental deve parar. Vocês, meninas, devem deixar a escola e se casar", disse Shekau, no vídeo de mais de uma hora de duração. Ele ainda afirma que nada o impede de se casar com crianças de 12 ou nove anos de idade.
De acordo com os relatos, um grupo armado do Boko Haram rendeu os guardas da escola feminina da cidade de Chibok, retirou as estudantes (de maioria cristã) de seus aposentos e as colocou em um caminhão que partiu em direção à região florestal do nordeste do país, próxima à fronteira com Camarões.
Uma das meninas sequestradas conseguiu escapar do cativeiro e relatou que as vítimas chegam a sofrer até 15 estupros por dia. À imprensa local, a garota afirmou que, por ser virgem, foi entregue como esposa a uma liderança local. Segundo ela, meninas são forçadas a fazer sexo e se converter ao islã; caso não aceitem, podem ser degoladas.
Campanha #BringBackOurGirls ("tragam de volta nossas garotas") em defesa das meninas raptadas na Nigéria ganhou pelas redes sociais adeptos no mundo inteiro: |
Após três semanas do sequestro, as forças de segurança nigerianas têm poucas pistas sobre o crime. Ontem, o presidente do país, Goodluck Joanathan, reconheceu que o governo desconhece o paradeiro das vítimas, além de dizer que não estava negociando a libertação das reféns pois nenhum grupo havia reivindicado a autoria do crime.
A demora do governo em dar respostas aos familiares das vítimas deu impulso a uma série de protestos de cidadãos nigerianos e intelectuais ao redor do mundo, pedindo uma postura mais firme do Executivo nigeriano. Não está claro o número exato de garotas sequestradas. Autoridades nigerianas atualizaram para 276 a quantidade de meninas raptadas inicialmente. Dessas, 53 conseguiram escapar, segundo informa a polícia local.
O grupo fundamentalista Boko Haram atua na Nigéria para impor a "sharia" (lei islâmica) no país, onde predominam muçulmanos no norte e cristãos no sul. Desde que a polícia matou em 2009 o líder da organização, Mohammed Yousef, seus integrantes mantêm uma sangrenta campanha que deixou mais de três mil mortos.
Fonte: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/35112/grupo+na+nigeria+ameaca+vender+como+escravas+mais+de+200+garotas+sequestradas.shtml [* Com informações da Agência Efe]
Leia também a entrevista publicada pela Organização Missão Portas Abertas:
https://www.portasabertas.org.br/noticias/2014/05/3126063/
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