No domingo, dia 8 de Setembro, o site de notícias Extra da Globo.com publicou uma matéria de Rafael Soares intitulada "Crime e preconceito: mães e filhos de santo são expulsos de favelas por traficantes evangélicos". Eu os convido para localizarem a falha no título.
Quem diria? Traficantes evangélicos. Não sei para vocês, mas a expressão pareceu nova para mim. Se Jesus Cristo nos ensina a vivermos livres, como poderíamos associar o tráfico ao evangelho? Mas quando vocês lerem a matéria na íntegra, vão entender que o título foi aplicado aos traficantes que decidem penalizar os moradores que declararem praticar a Umbanda. Conforme foi apurado na matéria, cerca de 40 pais e mães de santos foram expulsos de favelas no Rio de Janeiro, exclusivamente pelos chamados Traficantes Evangélicos que realizam as expulsões alegando que é o Exército de Jesus é quem manda na região.
Foto de Urbano Erbiste - Site Extra |
É mais do que necessário dizer que apesar da matéria mencionar que um dos traficantes frequenta a igreja Assembléia de Deus - Ministério Monte Sinai, em nenhum momento revelam ter tentando entrar em contato com os líderes dessa denominação e nem com os traficantes citados. Em resumo, a matéria apurou apenas um lado, o que faz dela algo bem parcial por motivos desconhecidos.
Acredito que a pior parte, foi a maneira como recebi a matéria. Um colega postou o link na rede social com uma crítica forte aos que se dizem cristãos mas incentivam o ódio, e é claro que ele não estava errado. Fiquei imaginando a repercussão da matéria na vida daqueles que não conhecem o verdadeiro evangelho, pois se partirmos da ideia de que a igreja apoia a ação desses traficantes em nome de Deus, é evidente que eles incitam a violência. Mas se pensarmos que os traficantes estão agindo por conta própria por ter uma interpretação errada de justiça divina, e as igrejas não tem relação com isso, os evangélicos e líderes cristãos da região foram seriamente prejudicados.
Sabemos que existe uma grande perseguição religiosa ao redor do mundo, onde Cristo não pode ser pregado, onde bíblias não podem ser lidas e comercializadas e onde cultos não podem acontecer publicamente. Entendemos que somos um com nossos irmãos que passam por perseguição, e que devemos apoia-los. Sendo assim, não é contraditório ser contra a perseguição de uma fé, mas apoiar a perseguição quando se trata de uma crença diferente?
Para quem não é evangélico, faço questão de deixar cinco pontos que devem ser levados em consideração:
1 - Ninguém que se converte permanece no tráfico.
2 - Um cristão não tem o direito de cometer perseguição religiosa em nome de Deus.
3 - Se eu, que sou evangélica não amo essa mãe de santo, sou uma religiosa cega e nunca me converti.
4 - Muitas igrejas tem pregado um evangelho invertido, destorcido e revoltante para mim. Mesmo assim, a generalização não pode ser aplicada.
5 - O pensamento cristão é divergente da umbanda sim, mas em momento algum ele incita o ódio ao umbandista. O que você aprende com Cristo é que pode até não concordar com atitudes de alguém, mas que deve amar essa pessoa, mesmo que elas pratiquem o que você não concorda. Caso contrário, jamais poderia dizer que tenho Deus na minha vida.
Ter Jesus na vida é revelar o amor de Deus. Certo?
Sara de Paula
Sara de Paula
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