quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Cracolândia, poema de Élio Roldan Anderson



CRACOLÂNDIA 

(O barulho dos trovões, ao longe... 2)

O barulho dos trovões, ao longe
Acordou aquela mãe, que assustada,
Dobrou os seus joelhos, junto ao leito
E orou pelo filho amado: Onde estava?

Desde que se envolvera com o vício
Já não era meigo, amigo, orientado.
Aparecia, às vezes, lá no pátio,
Abatido, mentindo, esfomeado.

Ah, as amizades ajudaram
A levá-lo ao caminho quase sem volta...
Deixou de ser o homem de futuro
Tornou-se joão-ninguém, pedindo às portas.

Cracolândia! Será que lá estaria,
Em algum canto sujo, esparramado?
Estaria cometendo alguns crimes,
Para conseguir o dinheiro desejado?

E aqui, de joelhos, a mãe ora
Pedindo de Deus, pelo filho, “Misericórdia!
Não deixe que o pior lhe aconteça,
Não deixe que no vício ele pereça”.

Ele é tão bom, tão meigo e amado...
Está apenas perdido, dependente
De uma pedra pra fumar... Vive drogado.
Já nem sabe que ainda é jovem, que é gente.

Se tu podes... Me perdoe, eu sei que podes...
Tira-o agora, inda agora, neste instante,
Dos horrores do vício que o domina,
Livra-o das mãos dos traficantes.

Traze-o de volta à casa, ao meu seio,
Ao lar, que sem querer, abandonou.
E eu o receberei com meu carinho,
O ajudarei a vencer, com meu amor.

E quando, de novo, ouvir soar
Ao longe, o barulho do trovão.
Hinos de louvor irei cantar
Dar graças, pela tua salvação."

Você consegue calcular o desespero de uma mãe, ou esposa, que sabe que o seu amado está jogado pelas ruas?
Tenho visto com frequência viciados, inclusive do craque, se libertarem da dependência, voltarem ao convívio das famílias, ao trabalho, retomarem o interesse pela vida.
Quer saber mais a respeito?
Visite: http://esquadraovida.com.br


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