quinta-feira, 1 de novembro de 2012

ENVELHECER, poema de Silvino Netto



Silvino Netto

Quem pintou o envelhecer sem luz, 
sem brilho, sem vida e calor?
sem cor!?

Que poeta fez do envelhecer
o anoitecer do dia? 

Que compositor escreveu a velhice
como a última página
da partitura da vida? 

Não!

Envelhecer é simplesmente 
o aproximar-se do horizonte!
é assumir a fraqueza
do corpo que se vai
e vestir o manto multicor
do poder do espírito, na plenitude
de sua força e vigor. 

Envelhecer
é engravidar a mente de saber,
e cada vez mais saber ser, 
na relação tridimensional
do eu-ele-Deus.

Assim, 
quanto mais velho fico, 
sinto mais forte o cheiro da vida;
mais longe os meus olhos vêem
e lêem a realidade perto;
mais vontade têm os pés
de correr o mundo
e pisar em cada pedaço do chão.

Quanto mais velho fico, 
mais desejo tenho 
de saltar como criança!
mais as mãos se transformam 

em fonte viva de energia.

Quanto mais fico velho, 
mais os ouvidos ouvem a experiência, 
os lábios sorriem
e falam de amor; 
mais o coração sente e palpita. 

Quanto mais fico velho,
mais o tempo e espaço
se tornam irmãos;
e me projeto no infinito!

Cada dia que envelheço, 
simplesmente
estou um pouco mais perto do horizonte, 
a contemplar a imensidão
do infinito, 
que está dentro de mim. 

Envelhecer, na verdade, 
é sentir a eternidade!

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