domingo, 2 de outubro de 2011

Desde fevereiro deste ano, governo do Rio enfrenta consecutivas crises na Segurança Pública - As soluções virão?



R7
A exoneração do comandante-geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Mário Sérgio Duarte, trouxe à tona uma nova crise da corporação, que é o braço forte da política de pacificação das favelas cariocas. Desde fevereiro deste ano, a cúpula da Segurança Pública fluminense sofre com baixas no comando das instituições.
Allan Turnowski perdeu a chefia da Polícia Civil durante a operação Guilhotina da PF (Polícia Federal), que descobriu a ligação de policiais em esquemas de vazamento de informações, venda de armas e drogas para traficantes. A delegada Martha Rocha assumiu o posto com promessas de combater a corrupção e fortalecer a
Corregedoria.
O envolvimento de policiais militares em esquemas de corrupção e assassinatos reacende o debate sobre a necessidade de reformar a corporação marcada por uma cultura de impunidade. Em entrevista ao R7, especialistas em segurança pública avaliam crimes cometidos por policiais e apontam medidas para frear a decadência da Polícia Militar.
Na avaliação da ex-secretária nacional de Justiça, Elizabeth Sussekind, o assassinato da juíza Patrícia Acioli, supostamente encomendado pelo ex-comandante do Batalhão da Maré (22º BPM), Cláudio Luiz de Oliveira, mostra que a Polícia Militar comete crimes com a certeza da impunidade.
- A Polícia Militar é uma corporação encastelada em si mesma. Graças a um apoio político e institucional, a PM tem sido impunível.
Corregedorias mais atuantes
Para Elizabeth, o fato de oito dos dez policiais militares presos sob suspeita de matar a magistrada jamais terem sido afastados das ruas, apesar de responderem por 29 homicídios no total, é uma das piores lições de desrespeito com a população. Ela diz acreditar que um trabalho mais atuante da Corregedoria da PM pode ser um dos caminhos para barrar agentes envolvidos em crimes nas ruas.
Policiais bandidos não podem cometer novos crimes. Esses PMs devem ficar sob constante observação da Corregedoria, que deveria ser formada por profissionais de fora da corporação.
Seleção e formação de policiais devem ser acompanhadas
O desaparecimento do menino Juan Moraes, de 11 anos, durante uma incursão policial em uma favela em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, também colocou em xeque o comportamento de policiais militares. Quatro PMs do Batalhão de Mesquita (20º BPM) tiveram a prisão decretada pela Justiça por causa da morte do menino.
O ex-comandante-geral da PM, coronel Ubiratan Ângelo, diz que a corrupção na corporação é um problema crônico, que também afeta a Polícia Civil. Segundo ele, a seleção e a formação dos agentes deveriam ser aprimoradas a fim de evitar o ingresso e a permanência de policiais corruptos.
- A seleção e a formação dos policiais devem ser constantemente acompanhadas e aprimoradas. Depois disso, o trabalho da Corregedoria pode ajudar na identificação dos policiais que apresentam má conduta.
Após a denúncia de que policiais militares da UPP dos morros da Coroa, Fallet e Fogueteiro, no Catumbi, zona central do Rio, recebiam propina de traficantes, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirmou que a conduta dos PMs e as falhas no treinamento dos agentes podem explicar o comportamento corrupto.
- Eu acho que é um conjunto de coisas, que pode ser treinamento, academia e formação.
Ex-comandante diz que Corregedoria tem problemas
O sociólogo especialista em segurança pública da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), José Augusto Rodrigues, diz que mecanismos de fiscalização e punição devem ser incorporados ao trabalho da corregedorias das polícias Civil e Militar na tentativa de inibir o comportamento criminoso de alguns agentes.
- A questão é criar procedimentos que tornem o custo de ser corrupto e criminoso muito alto.
Nomeado na quinta-feira (29), o novo comandante-geral da Polícia Militar do Rio, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, disse que a Corregedoria da PM vai se antecipar aos problemas da corporação e não tolerará erros.
- Ser digno vem de berço. A Corregedoria vai ter que ser pró-ativa e se anteceder aos problemas. Quem for pego será responsabilizado por seus atos. Os dignos terão o meu apoio. Para os outros, teremos a lei.
Em entrevista à rádio Band News, o ex-comandante Mário Sérgio disse que a investigação na Corregedoria da PM esbarra em várias limitações
- As informações sobre estes processos não são passadas [ao comando da PM] pelas outras instâncias. Temos problemas de Corregedoria. Na polícia, às vezes, descobrimos agentes que cometeram crimes inimagináveis.

via http://www.odocumento.com.br

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