quarta-feira, 20 de abril de 2011

REFLEXÕES SOBRE A SEMANA SANTA


Filemon F. Martins

Tempos modernos. Estamos vivendo o século XXI. O avanço tecnológico já não assombra mais o globo terrestre. A informática tem dominado o mundo, com seus tentáculos. Em todos os setores, a máquina está presente, com seu “código de barras”. Ela faz coisas que um pobre mortal, como eu, jamais imaginaria. Ninguém escapa dos computadores. O progresso é incontestável.
O Homem foi à lua. Hasteou bandeira. Recolheu amostras do solo lunar. Conquistou o espaço. Fez descobertas incríveis. Mas apesar de todo o progresso da ciência, o Homem não consegue ser feliz. O progresso acelerado, que prometia trazer uma vida melhor para o Homem, parece ter falhado. Os problemas são universais. Até agora a Humanidade já assistiu a duas Grandes Guerras Mundiais. E continuam matando, à nossa frente, embora sob formas diferentes.
Hoje, no Brasil, entre outros problemas, o que se constata é o descaso de nossas autoridades no que diz respeito à saúde, à educação, à segurança e à administração pública. A corrupção campeia por todos os lados. O desconforto é geral. Ora, sem saúde, sem educação, sem trabalho e sem segurança é impossível a população obter seu espaço, crescer, produzir e colher os frutos do seu trabalho. Aliás, uma grande parte do povo não tem sequer um emprego para garantir sua sobrevivência e de sua família.
Mas é hora de descanso. Faço uma pausa e me ponho a refletir. O calendário me lembra da Semana Santa. É a semana da Páscoa. A televisão torna-se mais amena e mostra alguns filmes com passagens Bíblicas.
Viajo através do tempo. Volto à velha Palestina do tempo de Jesus. É a semana da traição, paixão e morte de Jesus. Percorro as ruas da bela cidade de Jerusalém. Embrenho-me no meio do povo, que se agita com os últimos acontecimentos. Em cada esquina da cidade, pessoas comentam as ocorrências da semana. Falam da prisão do Nazareno. Que teria ele feito? Que crime tão hediondo cometera? E recordam os milagres que o filho de Maria fizera por toda a Galileia, Samaria e Judeia.  Mas agora estava preso.
Levaram-no, primeiro, a Caifás, que o interrogou com desdém. Depois, foi levado ao Sinédrio, onde Pilatos presidia aquele julgamento. “Tu és o rei dos Judeus?” pergunta Pilatos, mas o Mestre responde: “Tu o dizes”. E a outras interrogações de Pilatos, o silêncio do Nazareno transmite com doçura sua inocência. E Pilatos, num vislumbre de Justiça, porém confuso e temeroso, pergunta ao povo: “Que farei de Jesus, chamado Cristo?” E então pude ouvir a multidão subornada, replicar: “Crucifica-o! Crucifica-o!” Pilatos pediu uma bacia com água e lavou as mãos. Esse gesto entrou para a História, mas não o eximiu de culpa.
Fico perplexo quando penso na semelhança entre os personagens presentes ao julgamento de Jesus e os representantes do povo, hoje. Naquele tempo, Judas, o traidor, se vendeu por “trinta moedas de prata”. E a elite da sociedade era composta por escribas, fariseus e sacerdotes, líderes religiosos, como Anás e Caifás. Mas o Tribunal Romano, presidido ali por Pôncio Pilatos, se acovardou ao entregar o Mestre à turba enfurecida.
E o que temos, nos dias atuais, representando o povo brasileiro? Com raríssimas exceções, uma casta de legisladores fingindo estar a serviço do povo, mas zelando apenas e tão somente dos seus próprios interesses e negócios. São egoístas, hipócritas e corruptos. Não muito diferente daquele tempo. E todos vão seguindo em direção oposta ao ensinamento de Cristo quando disse: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde ladrões minam e roubam. Porque onde estiver vosso tesouro, aí estará também vosso coração. Mirai os pássaros do céu, que não semeiam nem ajuntam em celeiros, mas Deus os alimenta. Contemplai os lírios do campo, como eles crescem e florescem e nem mesmo Salomão, em todo o seu esplendor, se vestiu como qualquer deles”.
Que os Homens dos tempos hodiernos saibam pensar nesses conselhos. Porque a História comprova que tudo passa. Imperadores, Reis, Rainhas, Presidentes, Políticos, Nobres ou Heróis, todos passarão. Mas o sacrifício de Cristo no Calvário e a esplendorosa ressurreição, naquela madrugada de Luz, restauram, por completo, a Esperança Perdida. Esperança de Justiça Social. Esperança de Paz. Esperança de Vida.

filemon.martins@uol.com.br        

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