sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

CRACK PREOCUPA LIDERANÇAS CRISTÃS


 

Com tantos jovens consumindo droga, entidade oferece ajuda


Por: Redação Creio


     O número de usuários de crack aumentou nesses últimos anos, segundo anuncio feito no dia 31 de outubro pelo ministro da saúde, José Gomes Temporão.  O portal Creio buscou ouvir uma entendidade que reabilita e reintegra crianças e adolescentes em situação de risco social, o Ministério Jeame.
     Com atuação nas ruas do centro de São Paulo, a entidade com caráter filantrópico começou o trabalho dentro da Febem (Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor), que hoje é Fundação Casa, da capital paulista há 28 anos e continua até os dias atuais com esse projeto e o "Escola Papo de Responsa".
     Ailton José Fonseca de Souza, missionário e gerente de administração do ministério, comentou sobre o aumento no número de usuários de crack e principalmente da classe média e alta da sociedade. "A verdade, é que o maior número de dependentes está nas classes A e B. Falta diálogo entre a família, os pais estão muito ausentes. A figura do pai e da mãe é imprescindível para a formação da criança e adolescente, que pode se tornar um adulto imaturo. Outro fator, é a questão da imposição de regras ao jovem, isso afeta o comportamento".
     O missionário Ailton também falou sobre a participação das mídias televisivas no combate e prevenção as drogas, mas alertou para a distorção que a televisão pode causar na sociedade. "É impossível frear a proliferação das drogas sem a participação efetiva dos meios de comunicação, mas a televisão brasileira tem sido um dos principais veículos de comunicação transformador de valores saudáveis em lixo".

     Confira a entrevista com o missionário Ailton Fonseca:

      Portal Creio: O que leva a pessoa a partir para esse tipo de droga (crack)?

     Ailton: "Muitos meninos e jovens entraram no caminho das drogas por influência de amigos. Mas o principal é a família, nunca os pais devem ridicularizar os filhos, tornar o ambiente familiar mais atrativo, porque uma criança quer estar próxima dos pais, o filho quer ser ouvido pelo pai e se ele não tiver a atenção necessária, ele busca satisfação nas drogas".

     Portal Creio: Como é o processo de recuperação de um dependente químico?

     Ailton: A primeira etapa é ele reconhecer que precisa de ajuda, pois sem este passo não há recuperação. Depois recorrer a um centro de tratamento, clínica de recuperação com profissionais qualificados que o ajudem a encontrar o tratamento mais apropriado para o seu caso particular.
     Ele pode ter uma síndrome de abstinência, que é o conjunto de conseqüências orgânicas da parada brusca do uso da droga. Os seus efeitos variam de pessoa para pessoa, do tipo da droga, do tempo que a pessoa consumia a droga e também do estado físico e emocional do dependente. E importante dizer que os efeitos da síndrome de abstinência, embora bastante graves, passam, a medida que o organismo vai se acostumando a viver sem a droga. Entretanto, há pessoas que necessitam de ajuda medica para suportar a abstinência, ate se livrar da dependência.


      É natural que uma pessoa que esta consumindo qualquer tipo de droga tenha dificuldade para deixar de consumir. Essa pessoa esta passando por um processo de aprendizado de comportamento e de vida exatamente como a criança que esta aprendendo a andar. O importante, contudo e nunca desistir. Insistir na cura, e insistir na vida. Uma recaída nunca deve ser encarada como um fracasso, mas como um tropeço e pode ser muito útil aprender com ele para que seja menor a possibilidade de outra recaída.


      Portal Creio: Como o usuário pode se ajudar a largar o vício?


     Ailton: Colaborar com os profissionais encarregados do tratamento ou a profissionais qualificados que o ajudem a encontrar o tratamento mais apropriado para o seu caso particular.


     Portal Creio: Como as igrejas devem agir com os jovens para que eles não abandonem a igreja e partam para as drogas?


     Ailton: Caso haja algum jovem usuário de drogas na igreja, haja sempre com muito amor, mesmo quando não há mais energia, paciência, tolerância, e nessa hora que precisamos desenvolver e buscar o real amor de Cristo. Esses adolescentes e jovens são recuperáveis, nesse momento eles são apenas diamantes ainda bruto, mas com a lapidação certa se tornaram em uma belíssima e valiosa pedra.


     Tem que confiar nele, por mais que seja difícil, evitar cobrá-lo, evitar falar como se soubesse tudo, sem ouvir suas opiniões e experiências. Não ignore os problemas escolares e pessoais de seus jovens, porque considera que “são coisas banais”. Evite fazer julgamentos, isso só vai colocar o estudante na defensiva e aumentar a culpa. Enfatize que a situação em que se encontra só pode mudar, se ele assumir a responsabilidade de mudá-lá, afinal cabe a ele a decisão, embora possa haver ajuda dos outros. Ofereça opções de comportamentos alternativos e convide-o a refletir, não exija que ele se comprometa com nada de imediato, a não ser o de refletir sobre o que você falou. Diga que ele é capaz de mudar, que, embora possa parecer difícil, é possível. Começar com pequenos passos pode ser a melhor maneira de conseguir mais. Não contradiza entre o que exige dos jovens e o que você mesmo (como discipulador ou líder) faz a respeito. Inclua informação realista sobre os riscos de se usar drogas, mas mencione também os benefícios de não usá-lãs. Tente envolver seus jovens ao maximo, usando as opiniões e visões que eles oferecem.


     Portal Creio: Como é o seu trabalho com os jovens, explique resumidamente desde a primeira etapa (identifica e abordar um dependente de drogas) até a etapa final. (Recuperação, qual método, técnica, material, você usa para libertá-los das drogas)?


     Ailton: Atuei na linha de frente do JEAME, nas ruas e nas unidades da (FEBEM), hoje Fundação C.A.S.A. Em todos os lugares que atuamos, a primeira etapa é criar uma ponte de relacionamento e confiança. Esses jovens são amargos pela vida e precisa ter seus próprios escudos para não sofrerem.


     É sempre bom, conversar dentro da sua linguagem de uma forma simples, sem usar palavras difíceis, a conversa de mano a mano. Aos poucos vamos triando e levantando qual real motivo que o levou a estar naquela situação de droga e crime.


     Este relacionamento leva às vezes algum tempo, pois muitas promessas foram feitas e eles demoram a confiar, mas quando a barreira é rompida tudo fica mais fácil.


     Conhecer o adolescente ou o jovem que está ao seu lado te ajuda a saber como ajudá-lo e por onde começar na sua recuperação. Nesta etapa já conhecemos sua família, ele já aceitou se recuperar.


     Se ele ainda estiver na Fundação CASA, continuamos o acompanhamento até sua liberdade, e encaminhamos a Casa de Recuperação, onde começa uma longa fase.
E se estiver em situação de rua, fazemos a triagem, o contato com sua família e encaminhamos a Casa de Recuperação, onde também começa uma longa fase.


     Caso você tenha um jovem que precise de uma ajuda mais individual, e você esteja disposto a oferecê-la, leia abaixo algumas dicas de como ter uma conversa:


     Coloque claramente sua preocupação com o comportamento dele (a), de modo calmo, dando exemplos bem concretos e específicos de episódios que você observou;


     Evite fazer julgamentos, sermões, isso só vai colocar o adolescente na defensiva e aumentar a culpa;


     Enfatize que a situação em que se encontra só pode mudar, se ele assumir a responsabilidade de mudá-la; cabe a ele a decisão final, embora possa haver ajuda dos outros;


     Ofereça opções de comportamentos alternativos e convide-o a refletir, não exija que ele se comprometa com nada de imediato, a não ser o de refletir sobre o que você falou;



     Apresente informações fundamentadas sobre drogas de maneira isenta e honesta, sem usar exagero ou estratégias de amedrontamento.


     Inclua informação realista sobre os riscos de se usar drogas, mas mencione também os benefícios de não usá-las.


     Caso vá explorar os vários motivos pelos quais as pessoas usam drogas, discuta também alternativa, outras atividades que as pessoas poderiam ter escolhido ao invés de usar drogas. 

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