segunda-feira, 28 de abril de 2025

Os meus pés brilhantes jamais correrão na grama de manhã - Um poema sobre o aborto

 


Os meus pés brilhantes jamais correrão na grama de manhã, bem cedo;

os meus pés foram esmagados antes de terem a chance de saudar o amanhecer.

Os meus dedos agora jamais se esticarão para tocar a fita de vencedor;

A minha corrida acabou antes de aprender a dar os menores passos.

O meu crescimento jamais será registrado em uma parede;

O meu crescimento foi interrompido quando eu ainda era muito pequeno, e não podiam me ver.

Os meus lábios e língua jamais provarão os bons frutos da terra;

pois eu mesmo fui julgado como sendo um fruto de pequeno valor.

Os meus olhos jamais examinarão o céu procurando a minha pipa que voa alto;

pois quando ainda era cego, eles foram destruídos no escuro ventre da noite.

Jamais ficarei sobre uma colina, com os ventos da primavera soprando meus cabelos;

os ventos do outono do pensamento se fecharam no desespero da maternidade.

Jamais caminharei nas praias da vida ou conhecerei as marés do tempo;

pois estava chegando sem ser amado, e este foi o meu único crime.

Eu não tenho nome, sou um grão de areia, um dos incontáveis mortos;

mas a ação que me tornou um pequeno punhado de cor cinza, flutua no mar que está tingido de vermelho.

Fay Clayton


In Comentário Devocional da Bíblia, de Lawrence Richards (CPAD)


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